terça-feira, 7 de julho de 2015

Donnie Darko

título original: Donnie Darko
gênero: Ficção Científica
duração: 113min
ano de lançamento: 2001
direção: Richard Kelly
roteiro:  Richard Kelly

Donnie Darko é o típico adolescente perturbado de classe média. Após escapar por pouco da morte por ter ouvido um coelho do tamanho de um homem adulto, Donnie é convencido por este mesmo coelho, de aparência perturbadora, a criar o caos. O filme é um quebra-cabeça temporal, e pode ser interpretado sob diferentes formas.
Esquizofrenia ou realidade? – é isso que o diretor Richard Kelly propõe com Donnie Darko. É impossível afirmar se tudo era (ou não) fruto da doença do protagonista e o aparente realismo da visão do personagem contribui ainda mais para essa impressão. O cineasta tem muito a dizer através de uma sucessão de acontecimentos aparentemente sem sentido e cuja cronologia é questionável. Acreditando na possibilidade de mudar o destino, o protagonista, a partir de um portal para o futuro, questiona as ações humanas. A crítica à sociedade americana dos anos 80 é ácida, irônica e sutil. Ainda assim, ela pode ser facilmente observada por quem assiste ao filme. A religião, a hipocrisia, o conservadorismo e o preconceito são alguns dos temas criticados. Seja na exclusão de uma garota chinesa e obesa ou nas acusações de que os livros indicados pela professora de inglês poderiam fazer mal aos adolescentes. Tudo isso, percebido nas entrelinhas de uma trama aparentemente sem pé nem cabeça, ajuda a manter o interesse pela obra e este nunca acaba. O filme se divide entre momentos de drama e terror psicológico, refletindo a realidade dos personagens. O incômodo é grande durante toda a projeção, mas em nenhum momento afasta o público. Ao final, conclui-se que a obra é bem sucedida nessas duas vertentes. Uma trilha sonora com rock e músicas modernas dá peso e dramaticidade à produção. Ela tem um papel importante no aspecto sensorial e não poderia ser mais acertada. O fato de ser um filme muito bem realizado colabora para aumentar o impacto de um roteiro que, por si só, passa longe do comum. O elenco mostra-se em grande forma lidando com um roteiro tão esquizofrênico quanto se julga sobre o protagonista. Ter nomes de peso como Jake Gyllenhall e Drew Barrymore dá credibilidade a algo que poderia perder o nexo com intérpretes menos capacitados. Mais uma prova de que o conjunto harmônico de fatores garante o sucesso artístico de uma produção. A falta de sucesso do filme no circuito comercial e sua imensa aceitação em premiações e discussões cults são compreensíveis. “Donnie Darko” é um filme difícil e quer fazer pensar. Quem embarca nessa viagem certamente não se decepciona.

Classificação: BOM

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