À Beira Mar

título original:  By The Sea

gênero: Drama

duração: 132 min

ano de lançamento: 2015

direção: Angelina Jolie

roteiro: Angelina Jolie

Com Angelina Jolie e Brad Pitt atuando juntos primeira vez desde 2005, quando foi lançado "Sr. e Sra. Smith", "À Beira Mar" é uma produção completamente diferente do filme que uniu o casal mais famoso de Hollywood. Exercendo também as funções de diretora e roteirista, Jolie aproveita a maior liberdade para criar um projeto mais artístico e que, excetuando-se a presença dos astros, pouco tem de apelo comercial. É a história situada nos anos 70 de uma ex-bailarina e um escritor com bloqueio criativo em crise no casamento que vão passar um tempo numa pequena cidade francesa. O drama do casal vai desenrolando à medida que eles conhecem e passam a observar, através de um buraco na parede, um jovem casal que transmite em sua relação uma imagem que os dois desejavam para o próprio relacionamento.
Jolie mostra grande amadurecimento na condução desse drama psicológico intenso e arranca interpretações marcantes de si mesma e Brad Pitt. Vanessa, sua personagem, tem temperamento autodestrutivo que prejudica suas relações com as outras pessoas e a empurra para um ciclo vicioso de sofrimento, transformando situações comuns em episódios pesados e dramáticos. Artisticamente impecável, "À Beira Mar" apresenta fotografia, figurinos e cenários dos anos 70 trabalhados com perfeição na trama. O que impede o filme de se tornar uma obra-prima é o roteiro superficial no desenrolar da trama. Embora apresente uma explicação coerente para a situação apresentada, Jolie aposta mais do que devia no desfecho para conferir sentido à dramaticidade do quadro evidenciado. 

Classificação: BOM

A Colina Escarlate

título original:  Crimson Peak

gênero: Terror

duração: 119 min

ano de lançamento: 2015

direção: Guillermo Del Toro

roteiro: Guillermo Del Toro, Matthew Robins

A primeira meia-hora de "A Colina Escarlate" condiz com que se espera de um filme com a marca Guillermo Del Toro: um apelo estético que não traz apenas uma beleza gratuita, mas nos situa em um universo visual interessante e personalizado. É uma pena que a trama que, embora manjada apresente algum potencial, não demore a se perder na falta de conteúdo. O roteiro acompanha  a escritora Edith Cushing que, apaixonada pelo misterioso Sir Thomas Sharpe, muda-se para sua sombria mansão no alto de uma colina. Habitada também por sua fria cunhada Lucille Sharpe, a casa tem uma história macabra e a forte presença de seres de outro mundo não demora a abalar a sanidade de Edith.
Apesar do clima de terror estabelecido com efeitos sonoros bem administrados que oscilam entre o suave e angustiante, e com imagens que ora encantam mas às vezes são profundamente incômodas, o filme se aproxima mais de um romance com toques poéticos e personagens que seguem padrões conhecidos do gênero, ainda mais para os aficcionados por arte e literatura. O elenco não empresta maior complexidade a esses papéis em uma história que segue lógica, em determinados momentos, previsível. Assim, Mia Wasikowska interpreta a mocinha forte, inteligente e ingênua enquanto Tom Hiddleston faz às vezes do galã misterioso. O mais interessante que conseguimos extrair daí, além de referências literárias como a Arthur Conan Doyle, é uma crítica ao sexismo presente no universo literário da época. 
No mais, o que nos resta é aproveitar os méritos artísticos que a produção tem a oferecer. Impecável da maquiagem às cenas de valsa, com transições elegantes entre as cenas, "A Colina Escarlate" é coerente na trilha sonora impactante, mas sutil e sem afetações, e acerta no jogo de luz e sombra nos momentos de tensão entre os personagens.

Classificação: REGULAR